“A simplicidade é a verdade das virtudes e a desculpa dos defeitos. É a graça dos santos e o encanto dos pecadores.” (Andre Comte-Sponville)
Em todas as minhas observações, em todas as minhas constatações acerca dos prepotentes, principalmente quando este está inserido em meios mais interessantes, só consegui encontrar dois finais justos: ou caminham para a solidão, isolamento; ou se juntam com os de sua estirpe.
Na grande maioria das relações, o homem, enquanto ser em comunhão, atravessa diversas etapas em que lhe são oferecidas oportunidades de uma reavaliação e reconstrução de suas posturas. No entanto, nem todos estabelecem uma relação de comunhão consigo mesmo, o que, de uma forma ou de outra, não o conduz a esta condição de auto-descoberta: são raros os prepotentes que sabem que possuem este temperamento.
A palavra prepotência é oriunda do Lat. Praepotentia - s. f., qualidade de prepotente; arbitrariedade; abuso do poder ou da autoridade; ato despótico; despotismo. Alguns pensadores estabeleceram uma forte ligação entre a prepotência e a inteligência. Isso significa que tais ações podem representar um ponto em comum somente quando ambas não se diferenciam através da sabedoria e simplicidade. “Inteligência vem de inter e legere, o que significa “ler entre”. Então me parece que se poderia dizer que o pensamento é como a informação num livro e que a inteligência tem que lê-la, ler seu significado. Acho que isso dá uma noção melhor do que seja inteligência.” (Prof. David Bohm)
Em nossas relações, está mais do que claro que necessitamos de pessoas inteligentes; mas não prepotentes! O pensamento, tal como as ações podem ser mensurados; o que não ocorre com a prepotência e a inteligência. Dos muitos alunos, pessoas, amigos, que convivi que possuíam e possuem uma prepotência desmedida, em nível de atuação, encontro nestas pessoas as mesmas necessidades: tornarem o centro! Querem estar sempre à frente das discussões e jamais se permitirem um posicionamento abaixo dos demais. Mas o que é estar por baixo? Não seria apenas uma visão do prepotente?
Não é proibido semear, nem colher. Mas por que se preocupar com a colheita, quando se semeia? Por que ter saudade da semeadura, quando se colhe? A simplicidade é virtude presente, virtude atual, é por isso que nenhuma virtude é real se não é simples. Não é proibido fazer projetos, programas, cálculos… Mas a simplicidade, portanto também a virtude, é o que lhes escapa. Nada é grave, nada é complicado, a não ser o futuro. Nada é simples, a não ser o presente.
Acerca destes assuntos sempre deixo como presente um texto de "William Shakespeare" que muito me serve nas horas de reavaliação.
Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se você ficar exposto por muito tempo.
E aprende que não importa o quanto você se importe, porque algumas pessoas simplesmente não se importam...
E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida, são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vemos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa o quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.
Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel.
Decobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com tudo que pode, pois existem pessoas que nos amam mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar...que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
E que realmente a vida tem valor, e que você tem valor diante da vida!
Referências: Pequeno Tratado das Grandes Virtudes - De André Comte-Sponville - Ed. Martins Fontes, São Paulo, 1999 - Tradução de Eduardo Brandão